David
Urquhart era um aristocrata escocês que chegou a ser representante do Partido
Conservador no parlamento britânico. Mas é mais lembrado por ter introduzido as
saunas a vapor na Inglaterra.
Esse
personagem, certa vez, cismou que o ministro das Relações Exteriores, Lorde Palmerston,
seria um agente secreto russo. Tendo conhecido Urquhart em um jantar, Marx tomou
conhecimento da esdrúxula tese e aderiu a ela com entusiasmo.
Afinal,
a teoria combinava perfeitamente com o ódio e a desconfiança de Marx em relação
à Rússia czarista. A ideia estapafúrdia chegou a render vários artigos para o “New
York Tribune”, no final de 1853.
Mas
o próprio Marx parecia saber de onde estava metido. Em uma carta a Engels de 9
de fevereiro de 1854, referiu-se ao escocês, escrevendo:
A ideia mais cômica desse sujeito é esta: os russos dominam
o mundo por terem uma região no cérebro que os outros povos não têm. E para enfrentá-los,
é preciso ter o cérebro de um Urquhart. Mas se você tiver a infelicidade de
não ser um Urquhart, deve, pelo menos, acreditar no que Urquhart acredita. Ou seja,
deve ser um urquhartitista.
Felizmente,
Marx estava ocupado demais sendo marxista e logo se afastou do escocês maluco para
voltar a se dedicar à redação de “O Capital”.
Marx
só voltaria a ter notícias sobre o aristocrata excêntrico por Engels, que, em
carta de 1858, informou que Urquhart tinha sido condenado por infanticídio. Ele
havia causado uma congestão cerebral num bebê ao levá-lo para uma sauna.
Esse
é mais um curioso episódio revelado por Francis Wheen em sua biografia de Marx.
Leia
também: Um duende ronda a Europa. Ops...
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