Uma das medidas propostas por Marx e Engels no Manifesto Comunista era
o fim do direito à herança. Um privilégio que perpetuava fortunas e concentrava
riqueza.
Mas isso nunca impediu Karl e Jenny de receberem alguns reforços no
orçamento graças ao falecimento de vários parentes. Muitos deles, tão ricos
quanto distantes.
É o caso da tia Henriette, morta em 1863. O sobrinho mal a
conhecia, mas recebeu 100 libras. Uma soma considerável para a época e suficiente
para que a família quitasse débitos antigos e ficasse livre para iniciar novos.
Como diz Francis Wheen, em sua biografia sobre Marx, sempre que
“colocava as mãos em algum dinheiro, ele gastava de forma imprudente, como se
não houvesse amanhã”.
O dinheiro da herança possibilitou à família alugar uma espaçosa mansão
em Maitland Park, bairro rico de Londres.
As crianças ganharam três cães, dois gatos e dois pássaros.
Um grande baile foi promovido para que suas filhas, Jenny e Laura,
recebessem amigos. As duas passaram muitos anos recusando convites para eventos
desse tipo por medo de que não pudessem retribuir.
Em meados de 1864, Marx escreveu a um amigo: “Você vai ficar surpreso
ao saber que ando especulando com títulos financeiros. Parte deles, de fundos
americanos. Desse modo, já lucrei mais de 400 libras”.
“Jogando nos mercados, organizando bailes e jantares, passeando com os
cachorros no parque: Marx corria sério risco de se tornar respeitável”, brinca
Wheen.
Esse risco logo seria afastado, com a volta das dívidas e da
precariedade econômica. Mais uma vez, ficava comprovado o que Marx sempre
afirmara. A vida verdadeiramente burguesa é para muito poucos.
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