Doses maiores

3 de setembro de 2019

Brasil paralelo, mundo paralelo, fascismo

A pílula de ontem abordou a produtora de vídeos Brasil Paralelo, tema de um recente podcast do Expresso Ilustrada, da Folha. Segundo os participantes do programa, a produção da Brasil Paralelo não pode ser caracterizada como fake news, pura e simplesmente.

Um de seus vídeos, por exemplo, afirma que o golpe de 64 impediu a instalação de uma ditadura comunista no País. Não se trata de uma mentira, mas de uma hipótese, ainda que negada pela grande maioria dos historiadores do período.

Ou seja, a maior parte do material da produtora é resultado de uma leitura distorcida da realidade. Uma interpretação inspirada, principalmente, pela ideia de que nos últimos 30 anos a sociedade brasileira tem vivido sob uma hegemonia cultural socialista.

Essa dominação esquerdista teria imposto falsas ideias. Por exemplo, a de que nossa sociedade é racista, machista, homofóbica. Ou de que a desigualdade social é um mal, e não consequência natural da vida em sociedade.

Tais ideias teriam levado à adoção de um modelo de Estado autoritário, que limita a liberdade dos indivíduos, de suas famílias e da iniciativa privada. Melhor dizendo, limita a liberdade de ser rico, violento e preconceituoso.

Tal como o golpe de 64, a eleição de Bolsonaro seria parte de uma revolução contra essa suposta ditadura comunista.

Mas toda essa leitura distorcida tem uma base objetiva. É a farsa representada pela democracia formal sob a qual vivemos. Um sistema incapaz de aliviar minimamente as injustiças que o capitalismo produz em escala cada vez mais acelerada e massiva.

E não apenas aqui. Há um Mundo Paralelo em gestação. E é fascista.

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