Doses maiores

6 de setembro de 2019

Bolha financeira fóssil. Era só o que faltava

Tornou-se comum nas editorias de tecnologia da grande imprensa um otimismo que pode ser resumido no seguinte esquema:

Já era: automóveis e utilitários movidos a combustível fóssil. Já é: automóveis elétricos. Já vem: automóveis e utilitários movidos a eletricidade.

Mas não é o que mostra, por exemplo, o artigo de Alex Callinicos “Apostando na perda infinita”, infelizmente sem tradução do inglês.

Nos últimos dez anos, a cadeia de suprimento de combustíveis fósseis foi completamente financeirizada através de fundos de investimento, muito menos regulamentados que os bancos convencionais.

Em 2014, 52 desses fundos captaram US$ 39 bilhões para investimentos no setor de petróleo e energia. Um volume 20% maior que no ano anterior e o mais alto desde 2008.

Além disso, as empresas de petróleo e gás criaram seus próprios bancos e fundos de investimento. Desse modo, podem acessar dinheiro com os privilégios concedidos aos bancos.

A poderosa empresa de energia francesa EDF adquiriu o setor do falido banco Lehman Brothers durante a crise financeira e registrou um aumento de 60% em suas receitas desde 2008.

Tudo isso mostra que o capital continua investindo pesadamente em combustíveis fósseis. Donald Trump não foi eleito apenas graças a fake news e ressentimento.

Não à toa, estudos apontam que, de 1870 a 2014, um quarto de todas as emissões de CO2 ocorreu nos últimos quinze anos desse período.

Para completar, temos a introdução de um perigoso elemento especulativo na cadeia produtiva de petróleo, gás, carvão e urânio.

Portanto...

Já era: acreditar em capitalismo verde. Já é: mais emissões de CO2. Já vem: bolha financeira fóssil, crise climática e caos social.

Leia também: Crise climática e caos social

2 comentários:

  1. Um empreendedorismo que lucra às custas de muita produção de gases estufa e desprezo à natureza e à humanidade.
    Resta saber até onde e quando o capitalismo financeiro fóssil vai sobreviver ao colapso criado pelo próprio.
    Abraços!

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