Doses maiores

25 de setembro de 2019

Internete das vacas. Ou a agricultura sem agricultores

Empresas como IBM, Cisco e Huawei oferecem pacotes de tecnologia para a Internet das vacas. São dispositivos digitais (coleiras e/ou chips) colocados em cada vaca para medir seu pulso, temperatura, pico de fertilidade e outras condições de saúde relacionadas ao sistema digestivo. Os dados são transmitidos pela Internet a uma nuvem das próprias empresas, que os armazena em grandes sistemas de dados (big data), analisa-os com inteligência artificial e envia os avisos que o programa considera pertinentes a um computador ou telefone da empresa agrícola ou fazenda.

O trecho acima é de um recente artigo de Silvia Ribeiro, pesquisadora do Grupo Erosão Tecnologia e Concentração. Mas há mais coisas assustadoras no texto.

Chips podem direcionar o gado para a ordenha no momento certo. Cada dispositivo, associado a uma vaca em particular. Silvia cita ainda a internete dos porcos e ovelhas com bases semelhantes.

No México, está em implantação um pacote da Microsoft que oferece monitoramento permanente das condições do solo, umidade, estado das plantações, dados climáticos. Tudo isso dá à empresa condições de avisar quando e onde semear, irrigar, aplicar fertilizantes ou agrotóxicos, quando colher...

Para aumentar a “conectividade rural”, a Microsoft usará frequências de televisão fora de uso. Com isso, haverá internete em cada propriedade, todas enviando informações para uma nuvem de dados que permitirá à empresa montar um enorme mapa de recursos, solos, água, florestas, minerais, biodiversidade...

E, adivinhem, trata-se de um projeto de agricultura com alto uso de agrotóxicos e sementes patenteados, visando a expansão das empresas do setor.

É a internete das coisas. E, adivinhem novamente, é a agricultura sem agricultores.

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