A Inteligência Artificial
criou uma nova categoria de explorados. São os trabalhadores fantasmas. É disso
que trata recente artigo de Alfredo Moreno,
professor da Universidad Nacional de Moreno, na Argentina.
São chamados assim porque
quase ninguém sabe que são eles que realizam certas tarefas atribuídas à inteligência
artificial.
Sua atividade é a “computação
humana”, técnica que atribui a grupos de pessoas a realização de certos passos
do processo computacional que as máquinas não fazem bem.
Um exemplo é a Netflix, cujo
imenso catálogo necessita da intervenção humana para classificar milhares de
séries, filmes, programas de TV. Outro exemplo são os tradutores automáticos, que
empregam pessoas com formação em linguística e idiomas.
Outra modalidade de
“computação humana” consiste “em propor atividades, desafios e problemas a
quantidades massivas de colaboradores externos para que os solucionem em troca
de algum benefício”.
Esses “voluntários” participam
dos processos sem se dar conta de que a verdadeira intenção é baratear mão de obra.
Como diz Moreno, são “microtarefas”
desempenhadas “em troca de micropagamento”. Obviamente, proporcionando megalucros
do outro lado.
Tudo isso até que as
pessoas sejam descartadas graças a avanços da inteligência artificial que elas mesmas
estão ajudando a desenvolver.
O fator comum a esses trabalhos,
diz o artigo, é que eles:
...estão
à sombra, sem definição e oculta aos consumidores (cidadãos) que se beneficiam
dela, propiciando as condições para um trabalho sem direitos praticamente
pré-capitalista.
Ou seja, é mais uma
modalidade de exploração que remete aos traços neofeudais que muitos enxergam na
atual onda de precarização generalizada do trabalho humano.
É a uberização em versão
fantasmagórica. Assustador.
Leia também: Capitalismo de vigilância e neofeudalismo
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