Em seu excelente livro “Menos Marx, mais Mises”, Camila Rocha busca identificar a “gênese” da nova direita brasileira. Para tanto, destaca o papel dos chamados contra-públicos formados pela direita, em favor do neoliberalismo.
Um dos primeiros a defender esse tipo de atuação foi o economista austríaco Friedrich Hayek. No final dos anos 1940, as ideias desse guru do neoliberalismo eram desprezadas ou hostilizadas pelo consenso em torno das políticas keynesianas. Em resposta, ele recomendava que a divulgação de suas propostas fosse feita através de estruturas não partidárias, como forma de preservar sua “pureza”. Além disso, ele entendia que era preciso:
...influenciar indivíduos que denominava como “ideólogos de segunda -classe”: jornalistas, acadêmicos, escritores e professores. Dessa forma, seria possível difundir o ideário neoliberal junto à opinião pública e criar, com o tempo, um consenso “neoliberal” no seio da sociedade, de forma análoga com o que, em sua percepção, teria ocorrido com ideias de matriz socialista ou socialdemocrata.
A tática preconizada por Hayek começou a dar frutos em 1955, com a criação do Institute of Economic Affairs (IEA), na Inglaterra. Uma das primeiras organizações que viriam a ser chamadas de “think-tanks”.
O IEA, diz Camila, acabou por desempenhar um papel fundamental na política britânica, não apenas no plano das ideias, mas também no da política profissional. Nos anos posteriores, forneceria quadros e assessores técnicos para o governo de Margareth Thatcher.
Em 1973, surgia o Heritage Foundation nos Estados Unidos. E até 2000, o número de think-tanks estadunidenses mais do que quadruplicou, crescendo de menos de 70 para mais de 300.
Era o neoliberalismo partindo para a ofensiva.
Continua.
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Interessante, reconheçamos, boa estratégia da direita.
ResponderExcluirNão tem como não reconhecer. Nos impuseram uma enorme derrota
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