Doses maiores

1 de dezembro de 2021

Louverture: a liberdade negra se conquista com fuzis

Seguem mais algumas passagens do livro "O maior revolucionário das Américas", biografia de Toussaint Louverture escrita por Sudhir Hazareesingh.

Segundo o autor, a insurreição de escravizados de 1791 na colônia de San Domingue (futuro Haiti) foi o primeiro exemplo do tipo de coalizão de forças defendida pelo biografado. Eram escravizados e negros forros, africanos e crioulos, escravizados domésticos e fugitivos, capatazes e trabalhadores das “plantations”, guerreiros e clérigos...

Desde seu ingresso na insurreição de 1791 até sua morte, seu objetivo fixo era a emancipação dos escravizados de Saint-Domingue. Inspiravam-no as qualidades extraordinárias daqueles homens e mulheres: sua criatividade intelectual, coragem, humanidade e, acima de tudo, espírito de liberdade. Ao mesmo tempo, buscava afastá-los do confronto direto com os colonos brancos visando a construção de uma comunidade política de iguais, na qual negros, brancos e mestiços pudessem coexistir em paz.

Toussaint apresentava um conceito inovador de ordem cívica, no qual a cidadania era baseada não apenas em princípios abstratos, como igualdade e fraternidade, mas também na participação ativa em defesa da comunidade.

Ele nunca se empenhou muito em instituir uma forma de “poder negro”. Sua abordagem consistia em deixar líderes de origem africana surgirem naturalmente, ao mesmo tempo que promovia a igualdade civil e impedia que mentalidades racistas prevalecessem.

O objetivo de Toussaint era apenas construir uma república, tal como defendiam os revolucionários franceses. Mas diante da resistência racista dos colonizadores, Louverture foi obrigado a transformar um exército de maltrapilhos numa máquina de guerra formidável. Não à toa, em suas inspeções militares, ele costumava pegar um fuzil, brandi-lo no ar e gritar: “Isto é a nossa liberdade”.

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