No final de sua tese de doutorado, posteriormente transformada no livro “Menos Marx, mais Mises”, Camila Rocha conclui:
A intenção foi apontar para a relevância da atuação de uma militância organizada em diversos grupos políticos e entidades civis durante este processo, o qual culminou na formação de um amálgama ideológico inédito no Brasil: o ultraliberalismo-conservador. Além disso, também procurei chamar a atenção para as continuidades e descontinuidades dos esforços promovidos por tal militância tendo em vista suas conexões com redes formadas por atores que iniciaram suas atividades políticas em décadas anteriores, apoiada no modo como os próprios personagens analisados aqui foram conferindo sentido às suas ações ao longo do tempo a partir de conjunturas políticas específicas, orientando e reorientando suas atividades na sociedade civil e na esfera pública.
À parte o elogiável esforço para entender a “nova direita” brasileira, o excelente trabalho da pesquisadora também pode ajudar a esquerda a rever seus caminhos e escolhas.
O estudo ajuda a nos livrar de teorias da conspiração que atribuem à direita uma óbvia necessidade de nos combater. Que haja manobras conspiratórias, não restam dúvidas. Mas o trabalho de Camila também evidencia que tais conluios estão mergulhados e sofrem contradições resultantes da mesma luta de classes que os explorados e a esquerda travam contra os exploradores e o conjunto da classe dominante. Incluindo seus quadros teóricos, ideológicos e agitadores profissionais.
Trata-se de fazer a disputa de hegemonia na sociedade atravessada pelos dilemas da pobreza, violência, injustiça e alienação e não apenas nas campanhas eleitorais e nos gabinetes e palácios. Ou seja, precisamos de mais Marx. Muito mais.
Leia também: Estrela-do-mar ou hidra de sete cabeças
Sim, precisamos, mas não temos.
ResponderExcluir