Os primeiros think-tanks pró-mercado brasileiros atuavam de forma centralizada, mas a maioria das organizações criadas a partir de 2006 passou a operar de modo mais horizontal e descentralizado.
Em seu livro “Menos Marx, mais Mises”, Camila Rocha explica que esse tipo de funcionamento, “não é sinônimo de falta de profissionalização”. Esses militantes passaram a atuar a partir dos contra-públicos digitais e se profissionalizaram através de cursos de formação política e treinamento oferecidos por organizações norte-americanas, como Atlas Network, Cato, entre outras.
Além disso, diz ela, também passaram a adotar formas de intervenção na esfera pública completamente diferentes das adotadas pelas gerações anteriores, como atos e protestos de rua voltados para a conquista de corações e mentes de pessoas comuns, sedimentando sua atuação para além da internete e da influência sobre formadores de opinião.
Uma das metáforas utilizadas pela direita ultraliberal para explicar esse tipo de atuação era a da estrela-do-mar. Afinal, a estrela-do-mar pode perder um de seus “braços” e não apenas reconstituir outro no lugar, como o “braço” mutilado pode gerar outra estrela-do-mar.
Mas, talvez, a hidra de sete cabeças seja uma metáfora mais adequada. A criatura mitológica tinha o poder de fazer nascer uma nova cabeça no lugar daquela que foi decepada. Mas se matar um monstro assim já é complicado quando se está armardo com uma espada, imagine para quem abriu mão de quase todas as suas armas.
E foi isso o que a esquerda acabou fazendo durante os anos em que esteve no poder. Abandonou, principalmente, o trabalho de base, a independência de classe e a mobilização popular.
Concluiremos na próxima pílula.
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