Doses maiores

18 de dezembro de 2021

Ultraliberalismo: sem vergonha de aderir ao fascismo

“A partir da redemocratização se dizer de direita passou a ser algo desconfortável”, afirma Camila Machado em seu livro “Menos Marx, mais Mises”.

A vergonha em se afirmar de direita, porém, diz Camila:

...não dizia respeito apenas aos políticos, mas também se estendeu a seus ideólogos, simpatizantes e eleitores. Foi apenas em meio auge do lulismo, entre 2006 e 2010, a partir da atuação de membros de contra-públicos digitais, formados especialmente a partir da rede social Orkut, que aos poucos tal vergonha começou a se dissipar.

Segundo a autora, dois fatores contribuíram para que isso ocorresse. Primeiro, o impacto do escândalo que ficou conhecido como “mensalão”. O segundo, a existência de comunidades digitais nas quais era possível discutir questões polêmicas sob anonimato e se manifestar de modo agressivo contra o governo mais popular do país até então.

Os ultraliberais, assim como os frequentadores das comunidades virtuais de Olavo de Carvalho, não encontravam representatividade em públicos dominantes, uma vez que nestes públicos a defesa do livre-mercado era realizada em grande medida por neoliberais alinhados em maior ou menor grau ao PSDB. E os tucanos eram considerados pelos frequentadores das comunidades ultraliberais do Orkut como sendo de esquerda.

Muitos desses ultraliberais defendiam as propostas do economista austríaco Ludwig Von Mises, adepto da privatização generalizada da vida social, incluindo Banco Central, monopólio da moeda, agências reguladoras e, claro, todos os serviços públicos. Em relação a questões como o direito ao aborto e à união homoafetiva eram favoráveis. Mas em nome do combate ao PT, deixaram de lado essas bandeiras e se juntaram aos fascistas. Sem vergonha nenhuma.

Continua.

Leia também: A direita que considera Geisel socialista

3 comentários:

  1. Engraçado, acho que com a chegada do Facebook em 2004 o Orkut teria sumido um pouco de tempo depois. Mas isso não é importante, seria só uma dúvida. Quanto ao Mises e outros ultraliberais, gostaria de fossem bem ultraliberais, e privatizassem também o Estado. Sim, sei que é privatizado em consórcio do capital, mas queriam que acabassem com ele e todos os impostos para ver se o capital se sustentaria.

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    1. Sim, são utópicos de direita ainda mais utópicos que os de esquerda

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    2. Não estou dizendo que ser de esquerda é ser utópico, só que utópicos de esquerda também existem

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