Continuamos a destacar algumas passagens do livro "O maior revolucionário das Américas", biografia de Toussaint Louverture escrita por Sudhir Hazareesingh.
Em outubro de 1801, Napoleão Bonaparte voltou-se totalmente contra as medidas tomadas por Louverture abolindo a escravidão em Saint-Domingue, futuro Haiti. “Sou a favor dos brancos, porque sou branco", declarou ele.
Toussaint preparou seu exército para receber as tropas francesas adotando uma tática de terra arrasada:
É imperativo que a terra que foi banhada por nosso suor não forneça alimento de espécie alguma ao inimigo. Rasguem as estradas com tiros e joguem as carcaças de cavalos mortos nas fontes; destruam e queimem tudo, para que os que vieram nos escravizar de novo tenham sempre diante dos olhos a imagem do inferno que merecem.
Centenas de brancos que tinham recebido alegremente a invasão francesa foram massacrados e seu sepultamento, proibido: os cadáveres em decomposição serviriam para espalhar o terror entre as forças francesas.
Toussaint combinava guerra convencional com combate de guerrilha. Constantemente em movimento e dormindo numa tábua poucas horas por noite, ele obrigava os franceses a longas e cansativas marchas para procurá-lo, sem sucesso.
Privando os invasores de descanso e suprimentos, preparava emboscadas letais para as tropas inimigas. Toussaint sabia exatamente quando e onde lançar esses ataques, graças a sua rede de informantes.
Um oficial francês afirmou que “bastava uma ordem de Louverture para seus homens reaparecerem e cobrirem todo o território diante de nós”. Além disso, ele se jogava diretamente na linha de frente.
Estava preparado o terreno para a independência do Haiti. Toussaint não viveria para vê-la. E, talvez, nem a desejasse.
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