No final de agosto de 1983, cerca
de 5 mil trabalhadores brasileiros se reuniram em São Bernardo do Campo, no ABC
paulista. Sua principal e histórica decisão: fundar a Central Única de
Trabalhadores, a CUT.
A criação da central foi um
grande achado da classe trabalhadora brasileira. O resultado de muitas lutas
nas fábricas e no campo contra os patrões, a ditadura militar e seus
representantes pelegos no movimento sindical. Sua maior bandeira, o combate à
estrutura sindical atrelada ao Estado. Principalmente, através do imposto
sindical.
Trinta anos depois, a CUT é
uma gigante, com mais de 3.400 entidades filiadas, representando cerca de 22
milhões de trabalhadores. Mas deixou de fazer oposição ao governo federal, que
considera aliado. Muitos de seus antigos dirigentes ocupam cargos oficiais.
Apesar disso, nenhum ataque
aos trabalhadores feito pelos governos anteriores foi revertido. Ao contrário, seus
aliados hospedados no Palácio do Planalto há mais de 10 anos firmaram alianças prioritárias
com o empresariado da cidade e do campo. O único avanço foi um aumento considerável
no valor do salário mínimo.
A ata de fundação da CUT estava
perdida há alguns anos. Junto com ela também foram se perdendo pelo caminho o
combate ao atrelamento estatal, o fim do imposto sindical e a luta pelo
socialismo que ainda consta de seu estatuto.
Recentemente, a certidão de nascimento
cutista foi recuperada. Sintomaticamente, o documento foi encontrado graças à Lei
de Acesso à Informação, um mecanismo do Estado. E é a dependência em relação a
este mesmo Estado que fez a CUT perder sua tradição combativa. Talvez, para
sempre.
Leia também: Médicos: nem vilões, nem heróis. Trabalhadores
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