A espionagem definitivamente
voltou a atrair a atenção. Não nos cinemas, livros e seriados de TV, mas na
vida cotidiana dos cidadãos mais pacatos. É que nos tornamos, quase todos, espiões
de nós mesmos. É o que garante a reportagem “Nós somos a alta tecnologia da
espionagem global”, de Eduardo Febbro, publicada na Carta Maior em 04/08.
O texto apresenta dados assustadores:
Google e Facebook têm mais de
um bilhão de usuários em todo o mundo; 80% das comunicações através da internet
passam pelos Estados Unidos; no Facebook são publicadas 350 milhões de fotos
por dia, o que dá 3,5 bilhões de fotos em dez dias e 35 bilhões em cem dias. A
mágica ocorre quando nos inscrevemos no Google ou Facebook. Poucas pessoas leem
as condições de utilização, mas estas explicitam claramente que o usuário
“autoriza” o armazenamento das informações no território norte-americano.
Febbro cita o jornalista francês,
especializado em internete, Jacques Henno: “Somos, de fato, filhos da rastreabilidade.
Uma rastreabilidade política, sexual, ideológica e religiosa”.
É verdade, mas não se trata
apenas disso. A grande maioria de nós é inofensiva demais para preocupar os
aparatos de repressão. Pelo menos, por enquanto, o maior perigo está nos algoritmos
de serviços como Facebook e Google. Eles cercam nossos hábitos e nos viciam em determinados
tipos de consumo e repertórios de ideias.
Muito além de deixarmos
pistas sobre quem somos e o que fazemos, somos condicionados quanto ao que viremos
a ser e a fazer. Big Brother? Claro que sim. Mas acompanhado de uma espécie de Big
Father, que nos leva pelo nariz.
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