Doses maiores

23 de agosto de 2013

Memórias póstumas da CUT

Dizer que a CUT morreu não seria exato. A entidade continua atuante. O que faleceu foi sua disposição de luta contra os patrões e os governos que defendem seus interesses. O ano do triste acontecimento é 2003, quando Lula chegou ao governo federal. Para não ficar lamentando, lembremos algumas façanhas posteriores ao lamentável óbito.

Em outubro de 2011, Fiesp, Força Sindical e CUT lançaram um manifesto defendendo juros menores, aumento da produção e mais empregos no país. Em dezembro do ano seguinte, a Confederação Nacional da Indústria lançou uma cartilha intitulada “101 Propostas para Modernização Trabalhista”.

Por “modernização” entenda-se flexibilizar a legislação trabalhista. Por flexibilização entenda-se diminuir ou cortar direitos como descanso aos domingos, jornadas de trabalho fixadas em lei, licença-maternidade e outros.

Dessa a CUT ficou de fora. Mas já tinha se adiantado, apresentando o Acordo Coletivo Especial (ACE), em agosto de 2012. A proposta também defende mudanças nas leis trabalhistas. Basicamente, propõe negociações entre trabalhadores e patrões por empresa e não apenas por categoria, e que o negociado possa ignorar as leis. Uma festa para os patrões, como se vê.

Setores da própria CUT discordam. Alegam que a central ainda não fechou posição. Pode ser. Mas o presidente da entidade, Vagner Freitas, esteve em audiência com o governo em 15 de agosto de 2012. E o próprio site da CUT afirma que ele apresentou o ACE. Diz, ainda, que Freitas considera a proposta um “aperfeiçoamento e modernização da Lei”.

Tal como no famoso romance de Machado, resta saber a quem caberá o papel do verme que roerá “as frias carnes” desse cadáver.

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