Dizer que a CUT morreu não seria exato. A
entidade continua atuante. O que faleceu foi sua disposição de luta contra os
patrões e os governos que defendem seus interesses. O ano do triste
acontecimento é 2003, quando Lula chegou ao governo federal. Para não ficar
lamentando, lembremos algumas façanhas posteriores ao lamentável óbito.
Em outubro de 2011, Fiesp, Força Sindical e
CUT lançaram um manifesto defendendo juros menores, aumento da produção e mais
empregos no país. Em dezembro do ano seguinte, a Confederação Nacional da
Indústria lançou uma cartilha intitulada “101 Propostas para Modernização
Trabalhista”.
Por “modernização” entenda-se flexibilizar
a legislação trabalhista. Por flexibilização entenda-se diminuir ou cortar direitos
como descanso aos domingos, jornadas de trabalho fixadas em lei,
licença-maternidade e outros.
Dessa a CUT ficou de fora. Mas já tinha se
adiantado, apresentando o Acordo Coletivo Especial (ACE), em agosto de 2012. A proposta
também defende mudanças nas leis trabalhistas. Basicamente, propõe negociações
entre trabalhadores e patrões por empresa e não apenas por categoria, e que o
negociado possa ignorar as leis. Uma festa para os patrões, como se vê.
Setores da própria CUT discordam. Alegam
que a central ainda não fechou posição. Pode ser. Mas o presidente da entidade,
Vagner Freitas, esteve em audiência com o governo em 15 de agosto de 2012. E o
próprio site da CUT afirma que ele apresentou o ACE. Diz, ainda, que Freitas considera
a proposta um “aperfeiçoamento e modernização da Lei”.
Tal como no famoso romance de Machado,
resta saber a quem caberá o papel do verme que roerá “as frias carnes”
desse cadáver.
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