Doses maiores

20 de agosto de 2013

Sem dinheiro público, sem Google e Apple

Em 04/08, Martin Wolf publicou no “Financial Times” uma resenha sobre o livro “The Entrepreneurial State: Debunking Public vs Private Sector Myths”. Em português, “O Estado Empreendedor: Desmascarando Mitos Sobre o Público contra o Privado”.

A obra de Mariana Mazzucato destrói o mito neoliberal de que só o setor privado tem a ousadia e agilidade necessárias para inovar em tecnologia e pesquisa.

Mariana revela, por exemplo, que 75% das mais recentes descobertas em medicina molecular com que lucram as empresas de saúde foram feitas pelos Institutos Nacionais de Saúde, órgãos públicos estadunidenses. Já o Conselho de Pesquisa Médica, do Reino Unido, descobriu os anticorpos que se tornaram a base da biotecnologia. Entregou tudo a baixo custo para empresas privadas, que lucram bilhões com eles.

Mas o mais impressionante aconteceu na área da tão falada revolução da informação e comunicações. A Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos criou o algoritmo em que se baseia a poderosa ferramenta de buscas do Google. A Apple se viabilizou graças à Companhia de Investimentos em Pequenos Negócios do governo americano. Além disso, todas as tecnologias que tornaram possível o iPhone também foram bancadas por fundos públicos: microeletrônica, internete, redes sem fio, sistema de rastreamento global, monitores com tela de toque e comando por voz. "A Apple pôs tudo isso para funcionar em conjunto, de forma brilhante”, diz ela. “Mas só colheu os resultados de sete décadas de inovação propiciada pelo Estado”, conclui.

Wolf resume bem a situação: trata-se de um ecossistema parasita, “em que os elementos não rentáveis são socializados, enquanto os mais lucrativos são largamente privatizados”.

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