Continuam os debates sobre
quais setores sociais estariam por trás das manifestações que vêm tomando as
ruas do País. Uma boa pista apareceu num artigo publicado na grande imprensa.
Trata-se de “Protestar no gerúndio”, de Maria Cristina Fernandes, publicado em
02/08 no jornal Valor.
A jornalista baseia suas
conclusões em artigo do professor da Unicamp e militante do PSTU, Ruy Braga. O
texto está no livro "Cidades rebeldes", da Boitempo, primeira coletânea
sobre as recentes manifestações a chegar às livrarias.
Um das questões levantadas
por Braga é a presença dos operadores de telemarketing no mercado de trabalho.
A ocupação seria o primeiro emprego de 1,5 milhão de jovens com baixa
qualificação. Para Maria Cristina, o setor simbolizaria “a geração de empregos
da era petista em que 94% dos novos postos têm remuneração de até 1,5 salário
mínimo”.
Em seu artigo, diz a
jornalista, Braga cita uma pesquisa sobre as passeatas de 20/06 no Rio e em
Belo Horizonte. O levantamento mostraria que “70% dos manifestantes estavam
empregados, 34% recebiam até um e 30% ganhavam entre dois e três salários
mínimos. A idade média era de 28 anos”.
“As manifestações não são,
portanto, frutos da rebeldia estudantil ou da fúria de marginalizados. São
revoltas de quem está empregado, mas não vê como seu trabalho pode vir a lhe
garantir futuro”, conclui a colunista.
Ou seja, a maioria dos atuais
manifestantes pode ser jovem, trabalhar em novas ocupações e se organizar utilizando
modernas tecnologias. Mas ainda pertenceria à velha classe trabalhadora. Tantas vezes
tida por morta, quantas reencarnou para lutar contra a superexploração
capitalista.
Leia também: Vandalismo e chifres
Será que é tão difícil assim aceitar o óbvio? As manifestações são fruto de tanta corrupção, tanto conchavo, tanta impunidade, tanta cara de pau de nossos governantes e representantes políticos, que deixaram a população completamente descrente na política e nos partidos políticos. Elas não são apenas manifestações, são revoltas individuais, que foram se somando nas redes, e se tornaram revoltas coletivas! Nada têm a ver com superexploração capitalista, o que pode ser comprovado pela ausência completa de partidos políticos, bandeiras, líderes e sindicatos ou centrais sindicais! Essa, sim, é uma revolta que irá transformar nossa sociedade, por sua legitimidade popular. Ela não fará tratos, trocas, não aceitará conveniências, ela exigirá todos os direitos que estão sendo sonegados à população e condenação a todos os que merecem.
ResponderExcluirCláudia, muito antes de existirem partidos organizados já havia revoltas contra superexploração capitalista. Portanto, o combate a ela não depende de partidos, ainda que eu ache que eles continuam a ser a melhor ferramenta. De qualquer maneira, se há alguma coisa que acho possível afirmar sobre as recentes manifestações é que não há nada de óbvio na explicação de suas causas.
ExcluirAbraço!
Camarada Sérgio,
ExcluirParabéns pela bela síntese! Ou como chamas, pílula.
Tomei a liberdade de republicar no blog da Frente Nacional contra a Privatização da Saúde.
Um abraço,
Prentici
Muito obrigado, camarada Prentici. Fique à vontade para usar o que vale a pena de meus escritos.
ExcluirAbraço!