Os vândalos foram invasores
que saquearam Roma quando esta era capital de um império já decadente e
indefeso. Eles cometeram na poderosa cidade o mesmo que os romanos faziam em
muitos lugares que conquistavam. Saquearam e destruíram monumentos e obras de
arte por desprezo e para se apoderar dos materiais valiosos de que eram feitos.
Desde então, são chamados de
vândalos aqueles que não respeitam a arte e a cultura consideradas superiores.
Mesmo que tal superioridade tenha se estabelecido à custa de muito sangue e
destruição. Afinal, como disse Walter Benjamin, “nunca houve um monumento da
cultura que não fosse também um monumento de barbárie”.
Recentemente, atos de
“vandalismo” ganharam destaque durante os grandes protestos que tomam as ruas
desde junho. Em um deles, manifestantes desenharam chifres em um retrato pendurado
na câmara municipal carioca. Trata-se do coronel Moreira César, um dos
comandantes das tropas enviadas para massacrar a comunidade de Canudos, no
final do século 19. Lugar em que o militar merecidamente encontrou a morte.
Naquela mesma casa
legislativa está sendo instalada uma CPI sobre as empresas de ônibus, acusadas
de cobrar muito caro por serviços de péssima qualidade. Dos cinco integrantes
da comissão, quatro eram contra sua instalação e são da base do governo
municipal. Muito provavelmente, receberam gordas doações dos proprietários dos
coletivos em suas campanhas eleitorais.
Pergunta-se: o que ofende
mais a dignidade pública? Chifres rabiscados na cabeça pintada de um assassino
fardado ou os chifres simbólicos, mas doloridos, que os senhores parlamentares
tentam colocar nas testas da grande maioria da população carioca?
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policial e fascismo
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