Qual é a geopolítica que
elegeu Francisco I? Esta é pergunta que o sociólogo argentino Juan Marco
Vaggione procura responder. Em entrevista ao Estadão, publicada em 28/07, o
pesquisador da Universidade Nacional de Córdoba afirma:
Quando se analisa as eleições
dos papas sob uma perspectiva histórica, não como ações da vontade do Espírito
Santo, a Igreja emerge como uma das instituições mais globalizadas que existem.
Desse ponto de vista, a eleição de um papa implica na eleição de um líder
político global que responde a momentos determinados. A chegada de João Paulo
II ao topo da hierarquia católica pode ser lida como a eleição de um papa
polonês que respondeu à tensão geopolítica forte entre capitalismo e comunismo.
É o momento em que a Polônia se converte em pedra central para o
desmantelamento da ex-União Soviética. De maneira semelhante, o papa alemão que
o sucedeu é aquele que se volta para a Europa laica, como símbolo de um
fenômeno também global da retirada do sentido religioso da política e da esfera
privada dos cidadãos. Bento XVI é aquele que vem para recompor a esfera de
influência da religião na Europa Ocidental, ressaltando as raízes cristãs da
constituição europeia. Agora também, com a chegada de um papa latino-americano,
não devemos ignorar a dimensão geopolítica dessa escolha – que se explica, por
um lado, pela quantidade de fiéis existentes nessa parte do mundo e, de outro,
pelo avanço de outras denominações religiosas na região. O fato de sua primeira
visita ocorrer no Brasil coloca isso tudo ainda mais em evidência.
Ou seja, menos oba-oba e mais
racionalidade política, pelamordedeus!
Leia também: O
Papa sabonete
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