Você pode transformar a polícia militar em uma polícia civil e ela continuar militarizada na sua lógica. A questão é olhar a polícia não como uma força, mas como um serviço público que pode usar a força. Muito dessa lógica belicista é fruto da ditadura e da incorporação na segurança pública da doutrina de segurança nacional. Apesar de já termos saído desse período, essa mentalidade ainda está espalhada na sociedade, ela ainda está presente no imaginário da segurança pública no Brasil.
Parece incrível, mas estas
palavras são de um coronel da PM. Trata-se de Ibis Silva Pereira, diretor da
academia de formação de cadetes da instituição. Ele é um dos responsáveis pelo
ciclo de debates “Violência Interior”. O evento é resultado de parceria com a
Festa Literária Internacional das UPPs (Flupp) e o jornalista e filósofo Adauto
Novaes.
Íbis é formado em Direito,
fez pós-graduação em Filosofia e mestrado em História. “Costuma citar filósofos
como Spinoza e Hegel e escritores como Dostoiévski e Guimarães Rosa”, diz
matéria publicada no caderno "Prosa & Verso" de O Globo, em 17/08.
O texto diz que o clima
durante a sessão de debates foi muito bom e respeitoso. Os convidados foram
bastante críticos em relação à violência policial. Apesar disso, mereceram
“aplausos efusivos”, diz a matéria.
É a PM finalmente se abrindo
à crítica social. Só que não. Não, mesmo. As ações da grande maioria de seus
integrantes mostram o contrário. Como disse o coronel Ibis, a lógica belicista
impera. E o poder de classe por trás dela não está disposto a mudar isso.
Leia também: Polícia descontrolada.
Só que não
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