Doses maiores

27 de agosto de 2013

As tartarugas na luta pela redução da jornada

“Mais rápido, mais rápido, mais rápido”, diz o título da matéria de Alexandre Rodrigues publicada no Valor, em 23/08. O artigo traz muitos dados interessantes. Um deles diz que “o volume de informação produzida entre o início das civilizações e 2003 hoje é criado a cada dois dias”. Outro afirma que “a percepção da passagem do tempo para um jovem de 22 anos é 8% mais rápida do que para alguém da mesma idade um século atrás”.

Mas engana-se quem pensa que se trata de fenômeno recente. O próprio artigo lembra que em Paris, por volta de 1900, “houve uma moda de andar com tartarugas em uma coleira, como forma de protesto”.

A capital francesa já era um centro capitalista e é aí que está a raiz do problema. O motor dessa aceleração toda é a mercadoria, cuja circulação precisa ficar cada vez mais rápida para manter elevadas as taxas de lucro da minoria exploradora. Já a maior parte do enorme volume de dados destacado pelo executivo da Google está a serviço dos circuitos monetários.

Para os meros mortais sobram consequências bastante cruéis. Basta lembrar as várias horas que milhões de trabalhadores perdem diariamente nos deslocamentos entre casa e trabalho. Ou a correria que significa criar filhos, cuidar de casa, trabalhar e tentar estudar. Principalmente, para as mulheres.

Daí a necessidade de priorizarmos a luta pela redução da jornada de trabalho. Poderíamos até levar tartarugas para nossas manifestações, não fosse o risco de que também acabassem vítimas da violência policial.

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