O Ebola já matou mais de mil pessoas
na África. Em 05/08, o portal “Outras Palavras” publicou reportagem de Jane
Merrick sobre a questão. A matéria cita John Ashton, presidente
do Instituto de Saúde Pública do Reino Unido. Comparando a epidemia atual à da Aids, ele afirmou:
Em ambos os casos, parece que
o envolvimento de grupos minoritários menos poderosos contribuiu para a
resposta tardia e o fracasso em mobilizar recursos médicos internacionais
adequados (…) No caso da Aids, levou anos para que o financiamento de pesquisa
adequada fosse posto em prática, e apenas quando os chamados grupos “inocentes”
se envolveram (mulheres e crianças, pacientes hemofílicos e homens
heterossexuais) a mídia, os políticos, a comunidade científica e as
instituições financiadoras levantaram-se e tomaram conhecimento.
Ashton responsabiliza a
indústria farmacêutica, que volta seus esforços apenas para mercados rentáveis.
A Aids talvez tenha sido uma das primeiras epidemias a revelar o surgimento do
que os especialistas chamam de “medicalização da vida”.
Segundo Suely Rozenfeld,
pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz, a medicalização:
... leva pessoas saudáveis a
acreditarem que estão doentes e pessoas que estão um pouco doentes a
acreditarem que estão muito doentes. Isso acaba gerando um enorme aumento de
mercado para vendedores e administradores de insumos de saúde, como os
medicamentos, os equipamentos e os exames laboratoriais, entre outros. Leia mais aqui.
Não à toa, a produção farmacêutica
é a segunda mais rentável do mundo, logo atrás da indústria bélica. É a produção
de morte e doença para benefício de alguns poucos e poderosos monopólios. Efeito
trágico da maior das epidemias: a praga capitalista.
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praticada por gente graúda pode
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