O entrevistado do programa
“Roda Viva” de 18/08 foi Mauro Paulino, diretor do Datafolha. Ele forneceu
algumas informações que merecem atenção.
Com a entrada de Marina Silva
na disputa, os votos brancos e nulos deixaram de ser opção para cerca de 30% dos
pesquisados para voltar aos tradicionais 10%.
A identificação partidária
despencou nestas eleições. Mais de 60% dos pesquisados não têm qualquer preferência
desse tipo. Um recorde histórico, diz Paulino.
O desejo de mudanças
disparou, com quase 70% manifestando esta disposição. Mas vários candidatos
majoritários disputam a reeleição como favoritos nas pesquisas.
Para o diretor do Datafolha,
alianças consideradas incoerentes não preocupam o eleitor. Muitas vezes, quem
vota mistura candidaturas com consideráveis divergências ideológicas ou
programáticas entre si.
Estes dados permitem tirar algumas
conclusões.
Nada indica que a migração de
votos nulos e brancos para Marina Silva seja uma opção programática clara. A
nova candidata do PSB não tem conseguido apresentar muito mais que uma vaga
aparência de renovação.
A importância dos partidos
declina junto com a relevância dos programas e das propostas, que poderiam
revelar mais facilmente os interesses de classe por trás da disputa eleitoral.
O elevado desejo de mudanças se
mantém nos limites estreitos das alternativas dominantes.
Esses elementos apontam para
um papel crescente do individualismo despolitizado na definição dos resultados
eleitorais. Esta tendência já vinha imperando no plano econômico e social. Mostra-se
cada vez mais forte também na política institucional. Produto de décadas de
hegemonia neoliberal.
Talvez, até haja alguma
renovação. Mas com ideologias, programas e propostas em segundo plano, a grande
tendência é mudarem apenas as moscas.
Leia também: As
eleições presidenciais e a ilusão democrática
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