Doses maiores

1 de agosto de 2014

Quando nos rendemos aos ídolos do inimigo



“Os ídolos da nova geração de brasileiros” é o título da reportagem de Rafael Sigollo, publicada pelo Valor, em 30/07. A matéria refere-se a uma pesquisa feita com 51.674 jovens brasileiros entre 17 e 26 anos para saber quem são seus ídolos.

Barack Obama aparece em primeiro, com pouco mais da metade das preferências. Depois vieram Steve Jobs e Bill Gates, os empresários brasileiros Jorge Paulo Lemann e Flávio Augusto da Silva e Mark Zuckerberg, do Facebook.

Presentes em 2013, Lula e Dilma desapareceram agora. Eike Batista também chegou a figurar em lisas passadas, mas deu lugar a Silvio Santos. Joaquim Barbosa, Roberto Justus e o Papa Francisco também aparecem entre os dez primeiros.

Em uma lista contendo apenas líderes brasileiros, aparece Bel Pesce, 26 anos de idade. Ela é fundadora da escola “FazINOVA”. Aos 17 anos, conseguiu ser aprovada no Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos. Trabalhou na Microsoft, Google e Deutsche Bank e, após a conclusão do curso, mudou-se para o Vale do Silício.

O caso de Bel é a exceção das exceções. Ela venceu uma disputa típica de um sistema que só produz desigualdade social. Apesar disso, milhões de jovens acham que podem seguir seu caminho. Mas tudo isso só comprova o que disse Marx há 150 anos: as ideias dominantes em uma sociedade são as ideias da classe dominante.

O pior acontece quando os que dizem combater essa lógica rendem-se a ela. Travam disputas selvagens pelo poder nas burocracias partidárias, sindicais e organizações de luta. Jovens ou veteranos, envelhecem cultuando os ídolos do inimigo.

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