Os
homens sempre foram, em política, vítimas ingênuas do engano dos outros e do
próprio e continuarão a sê-lo enquanto não aprendem a descobrir por trás de
todas as frases, declarações e promessas morais, religiosas, políticas e
sociais, os interesses de uma ou de outra classe.
A frase acima é do livro “Que fazer?”,
publicado por Lênin, em 1902, na Rússia. Na época, não havia eleições naquele
país. Mas a citação ajuda a interpretar alguns números das próximas eleições.
Entre 1994 e 2010, o custo das
eleições presidenciais cresceu 85%. Mas em relação às eleições de 1989, quando as
doações de pessoas jurídicas eram proibidas, o aumento chega a 1.138%. No mesmo
período, o eleitorado brasileiro apenas dobrou.
As candidaturas Dilma, Aécio
e Campos receberam 99% das doações. Três empresas bancam 65% da arrecadação: Friboi,
Ambev e OAS.
Eleger um deputado federal
pode custar até R$ 5 milhões.
Voltando a Lênin, no mesmo livro:
Os
partidários de reformas e melhoramentos ver-se-ão sempre enganados pelos
defensores do velho, enquanto não compreenderem que toda a instituição velha,
por mais bárbara e apodrecida que pareça, se mantém pela força de umas ou de
outras classes dominantes. E para vencer a resistência dessas classes só há um
meio: encontrar na própria sociedade que nos rodeia, educar e organizar para a
luta, os elementos que possam - e, pela sua situação social, devam - formar a
força capaz de varrer o velho e criar o novo.
Eleições podem ser um meio importante para criar
o novo. Por isso, é necessário disputá-las. Mas as próximas devem apenas reproduzir o velho.
Leia também: A provável vitória eleitoral do neoliberalismo criativo
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