Doses maiores

20 de julho de 2018

Dicas para amigos virtuais no Dia do Amigo

Pawel Kuczynski - Soledad 2
Janaína Brizante, doutora em neurociência pela USP, concedeu entrevista para a revista Época, publicada em 13/07/2018. Ela começa dizendo que nosso cérebro:

...evoluiu no meio do mato, sem geladeira, supermercado ou smartphone. Ele não está acostumado a lidar com esse monte de opções. Lá atrás, seu cérebro não tinha de lidar com a incerteza sobre a reação de outra pessoa quando se fala alguma coisa no mundo virtual. O cérebro que hoje lida com isso é um cérebro que evoluiu em um ambiente muito diferente da internet. O máximo de conexão virtual era tomar um alucinógeno e tentar se conectar com os deuses. Era uma experiência transcendental. Hoje, o mundo virtual está em todo lugar.

(...)

Cada vez que um ratinho de laboratório aperta uma barrinha e recebe açúcar, libera um neurotransmissor. Esse sistema de recompensa fica ativo. Instagram, WhatsApp etc. são a mesma coisa. Quando você posta algo e checa a toda hora para ver se alguém curtiu, é isso: barrinha, recompensa. E isso gera ansiedade, sofrimento, pode até levar à depressão.

(...)

Existe uma demanda por contato social físico em nossa espécie, e isso não pode ser substituído. Temos uma geração de adolescentes que ficam muito em casa, porque têm os amigos no WhatsApp o tempo todo. Muitas vezes o excesso de interação virtual pode ser maléfica à saúde mental de um adolescente ou de uma criança. Nosso cérebro tende a interpretar o que acontece no mundo virtual como real também. No final, estamos falando das mesmas dores.

Hoje é Dia do Amigo. Aproveite e envie esses toques para aqueles seus 1.628 amigos virtuais.

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