Em seu livro “O que é fascismo? - e
outros ensaios”, George Orwell começa por responder a pergunta do título assim:
...se examinar a imprensa, você verá
que não existe quase nenhum grupo de pessoas — certamente não um partido
político nem um corpo organizado de nenhum tipo — que não tenha sido denunciado
como fascista durante os últimos dez anos.
Orwell afirma ter visto o termo ser “aplicado
com toda a seriedade aos mais variados grupos de pessoas”. Entre eles,
conservadores, socialistas, comunistas, anarquistas e trostkistas. Cita, ainda,
católicos, pacifistas, militaristas e nacionalistas.
O autor também diz ter ouvido serem
chamados de fascistas os agricultores, os lojistas, o castigo corporal, a caça
à raposa, os homossexuais, a astrologia, as mulheres, os cães e “não sei o que
mais”.
O fato, diz ele, é que “todo aquele
que indiscriminadamente lança a palavra ‘fascista’ em todas as direções está
agregando a ela alguma medida de significado emocional”.
Mas quanto a ter uma definição clara
e aceita por todos, Orwell responde que:
...não teremos uma — ainda não, pelo
menos. Explicar a razão disso é algo que levaria muito tempo, mas basicamente é
porque é impossível definir satisfatoriamente fascismo sem admitir coisas que
nem os próprios fascistas, nem os conservadores, nem socialistas de nenhum
matiz querem admitir. Tudo que se pode fazer no momento é usar a palavra com
certa medida de circunspecção e não, como usualmente se faz, degradá-la ao
nível de um palavrão.
Não ajudou muito,
certo? Pois é. Mas o fato de que um qualificativo tão indefinido seja quase
sempre utilizado como ofensa já diz muito sobre ele.
Leia também:
O fascismo e a censura do Vale do Silício
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