Doses maiores

30 de julho de 2018

Estados Unidos e China, da guerra comercial à guerra quente

A Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética causou muito medo pelo mundo. Mas jamais chegou a esquentar porque os arsenais das duas potências seriam capazes de fritar todo o planeta em poucas horas.

A atual guerra comercial que Trump iniciou contra a China também assusta. Mas, tal como aconteceu naquela, não interessa aos envolvidos elevar demais sua temperatura.

Trump aumentou as tarifas sobre exportações chinesas, por exemplo. Mas o governo chinês poderia fazer algo muito pior. Beijing é o maior investidor mundial em papéis do Tesouro Americano. Basta que pare de comprá-los para que o crédito nos Estados Unidos encareça e ameace a atividade econômica ianque.

No entanto, os chineses dificilmente farão isso porque significaria menos encomendas americanas para suas fábricas. Além disso, a maior empresa do mundo é a estadunidense Apple, cuja produção vem em grande parte da China.

Por fim, os chineses criaram, recentemente, a estratégia “Zhongguancun Development Group”, que estabeleceu vários centros de inovação tecnológica fora da China. Os mais importantes estão na Califórnia, onde ficam a Universidade de Stanford e as sedes de Google e Apple, e em Boston, próximos de Harvard e do MIT.

Toda essa inter-relação sino-americana tenderia a manter a guerra comercial em baixa temperatura não fosse por um detalhe.

A China criou a maior classe operária da história, concentrada em unidades imensas que produzem para o mundo todo. Os níveis de desigualdade são brutais e há pouca liberdade política e sindical.

Portanto, há material inflamável suficiente para colocar fogo no cenário. Principalmente, com um piromaníaco como Trump rebolando no palco principal.

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