A Guerra Fria entre
Estados Unidos e União Soviética causou muito medo pelo mundo. Mas jamais
chegou a esquentar porque os arsenais das duas potências seriam capazes de
fritar todo o planeta em poucas horas.
A atual guerra
comercial que Trump iniciou contra a China também assusta. Mas, tal como
aconteceu naquela, não interessa aos envolvidos elevar demais sua temperatura.
Trump aumentou as
tarifas sobre exportações chinesas, por exemplo. Mas o governo chinês poderia
fazer algo muito pior. Beijing é o maior investidor mundial em papéis do
Tesouro Americano. Basta que pare de comprá-los para que o crédito nos Estados
Unidos encareça e ameace a atividade econômica ianque.
No entanto, os
chineses dificilmente farão isso porque significaria menos encomendas
americanas para suas fábricas. Além disso, a maior empresa do mundo é a
estadunidense Apple, cuja produção vem em grande parte da China.
Por fim, os chineses
criaram, recentemente, a estratégia “Zhongguancun Development Group”, que
estabeleceu vários centros de inovação tecnológica fora da China. Os mais
importantes estão na Califórnia, onde ficam a Universidade de Stanford e as
sedes de Google e Apple, e em Boston, próximos de Harvard e do MIT.
Toda essa
inter-relação sino-americana tenderia a manter a guerra comercial em baixa
temperatura não fosse por um detalhe.
A China criou a
maior classe operária da história, concentrada em unidades imensas que produzem
para o mundo todo. Os níveis de desigualdade são brutais e há pouca liberdade
política e sindical.
Portanto, há material
inflamável suficiente para colocar fogo no cenário. Principalmente, com um
piromaníaco como Trump rebolando no palco principal.
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