Doses maiores

12 de julho de 2018

Quem são os porteiros do fascismo

Publicado na Revista Serrote, o artigo “Cinco lições de história para antifascistas”, do historiador Mark Bray, traz como primeira lição o fato de que “as revoluções fascistas nunca tiveram sucesso. Os fascistas chegaram ao poder por vias legais”.

Segundo o autor, essa circunstância mostra as falhas da “fórmula liberal de oposição ao fascismo”, cuja essência seria:

...a crença no debate racional para se contrapor às ideias fascistas, na polícia para se contrapor à violência fascista, e nas instituições republicanas para se contrapor às tentativas fascistas de tomar o poder. Sem dúvida, essa fórmula funcionou algumas vezes. Mas em outras tantas não funcionou.

E continua:

...a história mostra que as instituições republicanas nem sempre foram uma barreira ao fascismo. Pelo contrário, em diversas ocasiões, funcionaram como um tapete vermelho. Quando as elites econômicas e políticas do entreguerras se sentiram ameaçadas pela perspectiva da revolução, recorreram a figuras como Mussolini e Hitler para esmagar impiedosamente as dissidências e proteger a propriedade privada.

A polícia, por sua vez, até prende e combate os fascistas, mas a história mostra que, assim como os militares, ela é um dos grupos mais ávidos pela “restauração da ordem”.

Por fim, ele conclui:

Historicamente, contudo, o fascismo não precisou derrubar portões para ganhar acesso aos centros do poder. Bastou convencer os porteiros a deixá-lo entrar.

Em outro trecho do mesmo artigo, Bray mostra como entre esses porteiros, também estiveram setores da esquerda. Seja por menosprezarem a ameaça fascista, seja por confiarem em autoridades que não hesitam em atropelar quaisquer leis e direitos sempre que os interesses de ricos e poderosos são ameaçados.

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