O
livro “História da riqueza no Brasil”, de Jorge Caldeira, traz várias
revelações importantes. Principalmente em relação aos modos de vida dos povos
indígenas, antes da invasão europeia.
O
maior grupo era o tupi-guarani. Seus diversos núcleos tribais exibiam um nível
parecido de conhecimentos, domínio tecnológico e costumes. Mas o mais
interessante era o que ocorria com a produção. Não é verdade que eles viviam em
economias de subsistência, sendo incapazes de produzir estoques.
Em
apenas três ou quatro horas diárias de trabalho, afirma Caldeira, eles produziam
não apenas o necessário para sobreviver, mas o suficiente para manterem
estoques de segurança alimentar. Enquanto isso, na mesma época, a fome
castigava a Europa
Sempre
que um excedente é produzido, começa a surgir a desigualdade social. Um grupo
se destaca ao assumir o controle do estoque. Aparece a divisão entre produtores
e não produtores. Nesse momento forma-se o governo como unidade separada do
restante da sociedade.
Mas
os Tupi-Guarani adotaram uma solução peculiar para conciliar abundância material
com igualdade social. O esforço econômico se voltava para a eficiência da
distribuição, no lugar de ampliar a produção acumulada numa sociedade dividida.
Além
disso, do ponto de vista ambiental, todo trabalho estava relacionado à
preservação. Não fazia sentido trabalhar mais quando isso não representasse
mais preservação ou colocasse em risco os recursos naturais.
Não
se trata de copiar experiências surgidas de realidades culturais e históricas muito
diferentes da nossa. Mas é inegável que há muito a aprender com algumas
sociedades indígenas.
Elas
mostram que mesmo uma sociedade desigual e produtiva não precisa ser governada
pela desigualdade e pela destruição ambiental.
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