Doses maiores

28 de abril de 2020

Eleições em Qualityland: resultado previsível

Qualityland, o país inventado pelo escritor alemão Marc-Uwe Kling e que também dá título a seu livro, está em campanha eleitoral presidencial.

O candidato da situação é John da Gente. Uma peça publicitária mostra um empresário dizendo: “Não vou votar em John da Gente, apesar de ele ser um androide, mas exatamente porque ele é um androide! Máquinas não cometem erros”.

Em outro anúncio, uma professora pergunta a um garoto: "2 × 3 =?" "Quatro", responde ele. A professora balança a cabeça, dizendo: "Bem, isso não teria acontecido com John da Gente". E voltando-se para a câmera: “A economia mundial é complexa demais para que nós, humanos, possamos entendê-la. Precisamos de João da Gente! Afinal, máquinas não cometem erros!”

Conrad Cook é o candidato da oposição. Acusado de ser racista, ele nega veementemente: “Não há ninguém no mundo menos racista que eu. Ninguém. Mas não podemos negar que esses tipos latinos são todos preguiçosos, negros são todos criminosos e árabes são todos terroristas. Trata-se de fatos simples e evidentes. E, no entanto, devo enfatizar novamente: nunca na história da humanidade houve um homem menos racista do que eu!”

Num grande debate televisivo os dois candidatos se confrontam. Em determinado momento Cook diz a John: “Você pode ter os melhores argumentos, mas são apenas argumentos!  Posso ter argumentos piores, mas eu estou certo!”

John não sabe o que responder. Seus sensores eletrônicos não conseguem entender o que está acontecendo. A plateia explode em risos e aplausos.

Desde então, as intenções de voto de Cook não param de subir. Aqui, distante de Qualityland, sabemos quem seria eleito presidente.

Leia também:  Qualityland, a distopia aqui e agora

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