Doses maiores

4 de abril de 2020

Pandemia e oportunismo: vigilância

Recentemente, Matilde Sánchez publicou “O panóptico do coronavírus rastreia seus contatos” no Clarín-Revista. Panóptico é um dispositivo de vigilância imaginado pelo filósofo Jeremy Bentham para ser usado em prisões. Michel Foucault o adotou como metáfora para o sistema de vigilância constante vigente na sociedade contemporânea.

Para entender a relação entre uma coisa e outra, leia o seguinte trecho do artigo de Matilde:

Em seu ensaio para o jornal Financial Times, o historiador Yuva Harari denunciava que o governo israelense autorizou o serviço de segurança interna a usar o mesmo software e mecanismos de uso corrente em suspeitos de terrorismo para a localização de suspeitos de contágio. Com o objetivo de conseguir maior rapidez e fluidez na detecção, a Coreia do Sul, que lembramos que desenvolveu o primeiro teste de coronavírus quase imediato, agora também possui requisitos mínimos para automatizar o rastreamento de contatos. Se antes podiam localizar qualquer cidadão em 24 horas, hoje, só precisam de 10 minutos.
 Até agora, o Google e o Facebook disseram que não pretendem contribuir com seus dados para os grandes estudos de saúde da população que hoje correm contra o relógio e afirmam que os mecanismos de produtos como o Android e seus buscadores “não estão projetados para reunir registros fidedignos para fins médicos, e nem serão adaptados para esses usos”. Mas isso parece um pouco teórico no momento e, digamos de forma realista, dependerá de como continuará se expandindo a pandemia e de quanto tempo se leva para encontrar sua cura e seu antídoto. Bem-vindo ao coronópticon: sorrimos enquanto o celular mede nossa temperatura.   
Sem mais comentários.

Leia também: Pandemia e oportunismo: veio a guerra, veio a peste

Nenhum comentário:

Postar um comentário