Quem tem alguma familiaridade com os debates dentro da esquerda sabe que uma de nossas grandes divergências envolve a utilização ou não do caminho institucional para a conquista de uma sociedade socialista.
De um lado, os que acreditam que o caminho passa por dentro das instituições, ainda que apoiada em mobilizações externas a elas. No outro extremo, aqueles que acham que é preciso recusar qualquer via institucional.
Entre uma ponta e outra, muitas nuances.
Mas, hoje, estamos em uma situação que ofuscou completamente esse debate. Mobilizações em maior escala, greves, manifestações e outras atividades que exigem grandes esforços coletivos estão inviabilizadas. A pandemia estreitou muito nossas possibilidades ofensivas, mesmo que as ações defensivas continuem a ser imprescindíveis.
Neste momento, portanto, somos todos obrigados a aceitar que as únicas arenas de luta que nos restaram são os parlamentos. Seria a hora de nossos representantes mostrarem do que são capazes contra um alvo muito claro: um governo genocida, que desperta a hostilidade até de setores da própria direita e de grande parte da população.
A esquerda brasileira, sempre que foi minoritária nos parlamentos, se destacou por ter uma presença muito maior que seu número de cadeiras. E, no entanto, limita-se a protocolar discretos pedidos de impeachment.
De fato, os únicos a colocarem dificuldades para Bolsonaro têm sido setores da própria direita. E, não raras vezes, o próprio governo se encarrega disso, como mostraram os recentes episódios envolvendo o ex-Ministro da Saúde ou as desastradas declarações do “gabinete do ódio”.
Detalhe: o partido de Lula tem hoje a maior bancada da Câmara Federal.
Durma-se com um silêncio desses!
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