Doses maiores

22 de abril de 2020

Muitos minutos de silêncio pela esquerda parlamentar

Quem tem alguma familiaridade com os debates dentro da esquerda sabe que uma de nossas grandes divergências envolve a utilização ou não do caminho institucional para a conquista de uma sociedade socialista.

De um lado, os que acreditam que o caminho passa por dentro das instituições, ainda que apoiada em mobilizações externas a elas. No outro extremo, aqueles que acham que é preciso recusar qualquer via institucional.

Entre uma ponta e outra, muitas nuances.

Mas, hoje, estamos em uma situação que ofuscou completamente esse debate. Mobilizações em maior escala, greves, manifestações e outras atividades que exigem grandes esforços coletivos estão inviabilizadas. A pandemia estreitou muito nossas possibilidades ofensivas, mesmo que as ações defensivas continuem a ser imprescindíveis.

Neste momento, portanto, somos todos obrigados a aceitar que as únicas arenas de luta que nos restaram são os parlamentos. Seria a hora de nossos representantes mostrarem do que são capazes contra um alvo muito claro: um governo genocida, que desperta a hostilidade até de setores da própria direita e de grande parte da população.

A esquerda brasileira, sempre que foi minoritária nos parlamentos, se destacou por ter uma presença muito maior que seu número de cadeiras. E, no entanto, limita-se a protocolar discretos pedidos de impeachment.

De fato, os únicos a colocarem dificuldades para Bolsonaro têm sido setores da própria direita. E, não raras vezes, o próprio governo se encarrega disso, como mostraram os recentes episódios envolvendo o ex-Ministro da Saúde ou as desastradas declarações do “gabinete do ódio”. 

Detalhe: o partido de Lula tem hoje a maior bancada da Câmara Federal.

Durma-se com um silêncio desses!

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