"O mundo nunca mais vai ser o mesmo após a pandemia”, dizem todos diante da crise causada pelo coronavírus-19. É verdade. Mas se depender da vontade de quem manda nele, será ainda pior.
Mais desemprego, mais empregos informais, mais ocupações precarizadas, mais uberização das relações trabalhistas.
Mas não só.
“Estamos enfrentando uma guerra”, dizem governantes e grande mídia. Sob esse pretexto, estão militarizando ainda mais a vida social.
O modelo é a China, com seu sistema de detecção de febre por meio de câmeras. Com sua certificação de saúde física por aplicativos. Com seu sistema de crédito social, que, agora, não mede apenas o bom comportamento dos cidadãos, mas sua limpeza.
O toque de recolher já existia nas favelas e periferias pobres daqui e de outros lugares do mundo. Imposto pelo crime, seja ele organizado pela polícia ou não, agora, pode fingir ser legítimo como uma inocente campanha de vacinação.
“Vivemos uma exceção”, reafirmam grande mídia e governantes. Mas esse estado de crescentes restrições democráticas já vinha se impondo desde as jornadas de Junho de 2013, aqui, e desde outras revoltas em muitos outros lugares do mundo.
Contra a democracia racionada e a frustração das promessas de prosperidade para todos, largos setores da população responderam com revoltas em muitos países. Como resposta, receberam a criminalização de sua rebeldia.
Antes, era possível ocupar as ruas, ainda que fosse desaconselhável. Agora, será proibido.
O coronavírus gerou a oportunidade perfeita para o avanço rumo a um estágio mais extremado de repressão e abuso econômico. O capitalismo não estava preparado para essa pandemia. Seu sistema de dominação e exploração, sim.
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