Doses maiores

20 de abril de 2020

Mortes encomendadas há muito tempo

O título da matéria publicada no jornal Brasil de Fato diz muito: “O trágico mapa das cidades mais vulneráveis à covid-19”. Ela fala sobre:
Um estudo conduzido pelo geógrafo e cientista de dados Ronnie Aldrin Silva, divulgado pela Fundação Perseu Abramo, aponta que, entre os 30 municípios mais vulneráveis à covid-19, apenas quatro tem mais que 500 mil habitantes. A maioria tem alto índice de pobreza e favelização de moradores. Entre as capitais, só Fortaleza aparece na lista dos primeiros.

Para chegar ao resultado, o pesquisador analisou 18 indicadores e os agregou em cinco dimensões principais: densidade demográfica, faixa etária, infraestrutura sanitária e elétrica, mercado de trabalho e estrutura de saúde.

Todos são índices relevantes, ressalta o autor, mas uma combinação, em especial, é desastrosa para uma pandemia viral: populações densas e mercado de trabalho inconsistente.
“Morumbi tem mais casos de coronavírus e Brasilândia mais mortes; óbitos crescem 60% em uma semana em SP”. O título da reportagem do G1 diz tudo. Segundo a matéria, o bairro pobre da zona norte paulistana teve 54 mortes confirmadas ou suspeitas de coronavírus até 17/04/2020.

Enquanto isso, o Morumbi tem o maior número de casos confirmados, com 297, mas sete mortes até a mesma data. O contágio pode ser democrático, mas a morte não.

Infelizmente, este deve ser o padrão predominante. Com o agravante de que os trabalhadores da saúde estão sendo cada vez mais atingidos. Em 16/04, eram 29 profissionais de enfermagem mortos e 3.661 afastados com covid-19, segundo o conselho federal da categoria.

A extrema desigualdade do País já encomendou essas mortes há muito tempo.

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