Doses maiores

18 de abril de 2020

Pandemia e oportunismo: parasitismo

Richard Lewontin e Richard Levins publicaram o artigo “Ciência e marxismo: uma abordagem dialética da saúde pública” antes da atual pandemia.

Marxistas e pesquisadores da Universidade de Harvard, os autores mostram como a saúde pública precisa ser abordada no interior de uma totalidade. Mais especificamente, no contexto da forma destrutiva com que capitalismo se relaciona com o ambiente planetário.

Um exemplo dessa visão totalizante aparece no trecho em que os autores destacam fato de que os estudos científicos na esfera da saúde pública:

...não prestam a mínima atenção na evolução ou na ecologia das interações entre as espécies. Os teóricos da saúde pública falharam em perceber que o parasitismo é um aspecto universal na evolução da vida. Em geral, os parasitas não lidam muito bem com a terra ou a água, portanto, se adaptam a habitats especiais, o interior de outro organismo. Evitam competição (quase completamente), mas têm que lidar com as exigências parcialmente contraditórias do novo ambiente: onde conseguir boa comida, como evitar as defesas do corpo e como encontrar uma saída e passar a outro hóspede. A evolução dos parasitas responde ao meio interno, às condições externas de transmissão e a tudo que fazemos para curar ou prevenir a doença. As grandes aglomerações de plantações, de animais ou de pessoas são novas oportunidades para as bactérias, para os vírus e os fungos, que logo tratam de se aproveitar.
Sempre que desconsideramos essas importantes inter-relações, deixamos de combater o colapso ambiental que se aproxima.

Enquanto isso, para o inimigo, a relação está clara: menos vidas consideradas descartáveis, mais lucros para uns poucos e poderosos parasitas.

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2 comentários:

  1. Gostei da chamada para "Pílula": "Grandes aglomerações de formas de vida são oportunidades para bactérias, vírus e fungos. Assim como são para os parasitas do grande capital."
    Pela for a de descrever, lembrei mais do filme Parasitas.
    A nome da dupla de autores lembrou a de duplas sertanejas: Levins e Lewontin. Ou de produtos de vestimentas e remédio: Levis e Levotrim? E ainda os dois são Richard. Não pude resistir em não comentar. Mas, pelo que entendi, são dialéticos: a negação de tudo isso.

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  2. Sim, o texto todo é muito melhor que este trecho. Recomendo muito ler na íntegra.

    Beijo

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