Edmar
Bacha é um economista neoliberal, famoso por ter ajudado a criar o Plano Real.
Recentemente, anda entusiasmado com um livro lançado nos Estados Unidos.
Trata-se de “Mercados Radicais: Desenraizando o capitalismo e democracia para
uma sociedade justa”, de Yale Glen Weyl e Eric Posner.
Em
artigo para “O Globo”, Bacha resumiu a proposta
do livro.
Os
donos de bens de capital teriam que declarar em registro público os preços
desses bens. Sobre esses valores, eles pagariam um imposto cuja arrecadação
garantiria uma renda básica para todos os cidadãos. Por outro lado, os
proprietários seriam obrigados a vender os bens para qualquer pessoa pelo valor
declarado.
Assim,
enquanto o imposto faria com que o proprietário tendesse a subestimar o preço
do bem, a obrigação de vendê-lo, e ao preço declarado, faz com que ele tenda a
declarar um preço honesto.
Desse
modo, diz ele, “todo capitalista passa a ser uma espécie de posseiro. Eles
retêm o direito ao uso do bem, mas têm que vendê-lo caso alguém ofereça um
preço maior do que o seu por ele”.
Mas
fundamental para o capitalismo não é necessariamente o monopólio da propriedade
dos meios de produção. É o monopólio de seu controle. Prova disso são alguns
dos mais recentes sucessos do mercado mundial.
A
Uber é a maior empresa de transporte urbano e a AirBnb, de hospedagem. Nenhuma
delas possui automóveis ou hotéis. Ambas monopolizam enormes fatias do mercado.
É a “mão invisível do mercado” em sua forma mais acabada.
O
que Bacha considera “uma bela utopia” é só mais uma tentativa de repaginar a velha
e feia exploração.
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