Doses maiores

14 de agosto de 2018

O jovem Marx antecipa o Marx maduro

Em uma bela passagem de sua biografia sobre Marx, Francis Wheen descreve uma importante continuidade entre um Marx muito jovem e aquele das barbas grisalhas:

A vida adulta de Marx tem o ritmo das marés. Avanços e recuos, no quais surtos de espuma são seguidos pelos longos rugidos da água recuando. Essa alternância entre envolvimento e isolamento estava em grande parte fora de seu controle. Era ditada por acidentes e circunstâncias - doença, exílio, problemas domésticos, reversões políticas, amizades rompidas. Mas também pode ser visto como um experimento voluntário na conciliação entre as demandas da teoria e prática, a contemplação privada e o engajamento social.

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E ele sentiu esse dilema mais agudamente do que a maioria, já que manter-se integrado à sociedade sempre foi uma de seus maiores obsessões.

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Aos dezessete anos, em um trabalho de escola, Marx escrevia: "O principal guia a nos orientar na escolha de uma profissão é o bem-estar da humanidade e nossa própria perfeição", escreveu. "Não se deve pensar que esses dois interesses possam estar em conflito". Afinal, afirmava, a natureza humana foi constituída de tal maneira que os indivíduos somente alcançaram o apogeu quando se devotaram aos outros. Alguém que trabalha apenas para si mesmo "talvez se torne um homem famoso por seu conhecimento, um grande sábio, excelente poeta, mas jamais poderá ser um homem verdadeiramente grande". A história aclama apenas os que enobreceram sua tribo e "a própria religião nos ensina que o ser ideal a quem todos se esforçam por copiar se sacrificou pela humanidade”.

Era fácil perceber que aquele rapaz iria longe! E sempre bem acompanhado.

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