Em uma bela passagem
de sua biografia sobre Marx, Francis Wheen descreve uma importante continuidade
entre um Marx muito jovem e aquele das barbas grisalhas:
A vida
adulta de Marx tem o ritmo das marés. Avanços e recuos, no quais surtos de
espuma são seguidos pelos longos rugidos da água recuando. Essa alternância
entre envolvimento e isolamento estava em grande parte fora de seu controle.
Era ditada por acidentes e circunstâncias - doença, exílio, problemas
domésticos, reversões políticas, amizades rompidas. Mas também pode ser visto
como um experimento voluntário na conciliação entre as demandas da teoria e
prática, a contemplação privada e o engajamento social.
(...)
E ele sentiu
esse dilema mais agudamente do que a maioria, já que manter-se integrado
à sociedade sempre foi uma de seus maiores obsessões.
(...)
Aos
dezessete anos, em um trabalho de escola, Marx escrevia: "O principal guia
a nos orientar na escolha de uma profissão é o bem-estar da humanidade e nossa
própria perfeição", escreveu. "Não se deve pensar que esses dois
interesses possam estar em conflito". Afinal, afirmava, a natureza humana
foi constituída de tal maneira que os indivíduos somente alcançaram o apogeu
quando se devotaram aos outros. Alguém que trabalha apenas para si mesmo
"talvez se torne um homem famoso por seu conhecimento, um grande sábio,
excelente poeta, mas jamais poderá ser um homem verdadeiramente grande". A
história aclama apenas os que enobreceram sua tribo e "a própria religião
nos ensina que o ser ideal a quem todos se esforçam por copiar se sacrificou
pela humanidade”.
Era fácil
perceber que aquele rapaz iria longe! E sempre bem acompanhado.
clap, clap, clap
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