O trabalho da abelha
não é apenas a produção de mel e cera. Seu verdadeiro trabalho ecológico e
reprodutor da vida é a polinização, infinitamente mais produtivo.
Ao retirar os favos de
mel preenchidos pelo trabalho reprodutor das abelhas, o apicultor se apropria
do mel e da cera e as obriga a trabalharem além do que fariam sem a sua intervenção.
O trabalho de polinização é ignorado pelo apicultor, mas fundamental para
manter o ciclo natural que torna possível sua atividade.
A atividade humana é
muito mais do que o trabalho remunerado. Abrange, por exemplo, criação,
educação, aprendizagem da linguagem, da escrita, produção da língua, dos
símbolos, da cultura, trabalho voluntário, trabalho doméstico...
Conforme o capitalismo
se desenvolve, essa “polinização humana” também vai sofrendo uma predação
contínua. Na época da inteligência artificial, do digital e da ciência e suas
aplicações, a captação do valor começa a se dar também pelas plataformas
interativas digitais e pelos aplicativos em rede. São novas formas de
aproveitar essa polinização humana, a partir de um imenso volume de interações.
Esse novo e mais
esperto tipo de apicultor atende pelos nomes de Google, Amazon, Facebook,
Apple, Microsoft, IBM, Twitter, Instagram e seus equivalentes chineses.
Tudo isso é um resumo
da elaboração do economista e sociólogo francês Yann Moulier Boutang. Sem dúvida, uma hipótese bastante
criativa sobre o funcionamento atual do capitalismo. Mas sua fonte de inspiração
é de 1857. Trata-se do “Fragmento sobre as máquinas”, retirado dos chamados “Grundrisse”,
uma espécie de rascunho de “O Capital”.
E Marx ainda vivia dizendo que não queria ser chamado de profeta. Vai se f%*#$@!
Leia também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário