No início de julho, trabalhadores
de uma fábrica da Fiat ameaçaram parar por dois dias devido à contratação de Cristiano
Ronaldo pela Juventus, de Turim.
O time é controlado
pela empresa e os trabalhadores que ameaçavam entrar em greve pertencem à unidade
de Melfi, no sul da Itália. São cerca de 7 mil operários diretos e 3 mil indiretos.
O movimento considera inaceitável
que a empresa venha pedindo enormes sacrifícios a seus trabalhadores, enquanto gasta
centenas de milhões de euros para contratar um único jogador de futebol.
Claro que os trabalhadores
têm toda razão. Mas descontando possíveis manobras para lavagem de dinheiro, o
elevado montante envolvido na operação não se deve a uma suposta maluquice dos
donos da Fiat.
Há décadas, supersalários são pagos a atletas, cantores, atores etc.
Se ganham muito acima da média mundial, o fato é que sua atuação alavanca
valores muito maiores.
Calcula-se
que somente o futebol europeu
movimente 35
bilhões de euros anuais. A contratação do jogador português representa uma
pequena fração desse total: cerca de R$ 450 milhões.
Em “Teorias
sobre a mais-valia”, Marx usa como exemplo o trabalho de uma cantora. Ao se
apresentar em um cabaré, o talento dela está sendo explorado pelo proprietário
do lugar.
Ou seja, não é preciso
ser operário para gerar valor para o capital. Desse ponto de vista, a atividade
de Cristiano seria tão produtiva quanto a dos trabalhadores mobilizados.
Do ponto vista da luta
de classes, porém, o episódio denuncia não só a enorme concentração de riqueza
e patrimônio, como mostra que radicalizações podem surgir até onde menos se
espera.
Leia também: Todo apoio à greve dos milionários
Nenhum comentário:
Postar um comentário