Trotsky
dizia que aprendeu tudo o que precisava saber sobre uma organização
revolucionária com cinco trabalhadores.
Um deles
sempre foi militante socialista. Um defensor intransigente dos oprimidos, à
frente de qualquer luta dos explorados.
Outro era
um reacionário nato. Havia nascido e morreria sendo um fura-greve. Depois de
morto, se houvesse uma greve no céu, ele a combateria.
Mas os três
trabalhadores restantes não eram nem revolucionários nem reacionários. Às
vezes, eram influenciados por um, às vezes, por outro. Oscilavam entre os dois,
sempre em disputa.
Segundo Trotsky
um objetivo importante das organizações revolucionárias seria empurrar os
trabalhadores do meio para perto dos militantes socialistas. Afastá-los o
máximo possível da influência dos ultraconservadores de direita.
Em palavras
simples e didáticas, o grande revolucionário russo estava descrevendo a boa e
velha disputa de hegemonia.
Poderíamos
usar essa imagem para o quadro eleitoral atual. Muitos dos eleitores declarados
de Bolsonaro são reacionários natos. Mas não a maioria.
O mesmo pode
ser dito daqueles milhões que foram às ruas pelo impeachment. Uma parte deles é
formada por ultraconservadores incuráveis. Mas para a maioria, há alguma esperança.
Se tratarmos
a todos como inimigos, estaremos empurrando o conjunto deles para perto dos setores
reacionários.
É preciso
aprender a dialogar com os “trabalhadores do meio” para disputar sua consciência
política. Até porque sem eles, não haverá um processo de transformação envolvendo
a grande maioria explorada e humilhada.
Mas, atenção,
disputar hegemonia não é igual a participar de eleições. Reduzir a primeira à segunda
significa, aí sim, render-se à hegemonia dos que controlam o sistema político
dominante. Os mesmos que tornaram Bolsonaro viável.
Leia também:
Trotsky, o revolucionário aprendiz
Bom, muito bom.
ResponderExcluirBravo! Gramsci vibra no teu texto... abç
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