“The
Underground Railroad: Os caminhos para a Liberdade” é um belo livro de Colson
Whitehead. Ganhador do Pulitzer 2017, descreve em linguagem metafórica a rede
de apoio à fuga de negros da escravidão do sul estadunidense no século 19.
Seguem
abaixo algumas das muitas passagens bonitas e doloridas da obra:
Terra e pretos para cuidar dela eram uma caução melhor
do que qualquer banco poderia oferecer. Terrance era mais ativo, sempre bolando
planos para aumentar os carregamentos que eram mandados a Nova Orleans. Ele
extraía cada dólar possível. Quando o sangue dos pretos era dinheiro, o homem
de negócios experiente sabia perfurar a veia.
Preciosos
momentos minúsculos:
Às vezes um escravo se perde num breve redemoinho de
libertação. No movimento de um suave devaneio entre os sulcos da lavoura ou
desenredando os mistérios de um sonho ocorrido de manhãzinha. No meio de uma
música numa noite cálida de domingo. E então vinha, sempre: o grito do feitor,
o chamado para trabalhar, a sombra do senhor, o lembrete de que ela é um ser
humano apenas por um minúsculo momento numa eternidade de servidão.
Sobre
o desejo de fugir:
...todo escravo pensa nisso. De manhã e de tarde e de
noite. Sonha com isso. Todo sonho é um sonho de fuga, mesmo se não parece.
Mesmo quando era um sonho de sapatos novos.
A
música em meio à servidão:
Bata palmas, dobre os cotovelos, balance os quadris.
Há instrumentos e músicos, mas às vezes um violino ou um tambor fazem aqueles
que os tocam de instrumentos, e todos são escravizados pela música.
E
viva Aretha Franklin!
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