O caso brasileiro é exemplar. Apenas quatro dos 23 convocados jogam aqui. O restante está espalhado por Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha, França, Canadá e Rússia.
Uma das implicações dessa situação
é o racismo e a xenofobia que atingem esses jogadores. Mas as seleções europeias
sofreriam sem os filhos de seus imigrantes. É o caso do atacante Benzema, considerado
francês quando marca gols e árabe quando os perde.
Outra dimensão importante é a
econômica. Os dados são de Armando Sartori em reportagem publicada no Retrato
do Brasil, em 27/06: os 23 jogadores que compõem nossa seleção valem cerca de
714 milhões de dólares. Montante equivalente a 9% dos 7,9 bilhões de dólares
estimados para todas outras 32 seleções que participam do torneio.
Parece muito dinheiro, mas não
é. Só a Fifa pode faturar 5 bilhões de dólares com a Copa deste ano. Fortuna garantida
pelo trabalho dos jogadores em campo.
Nesse mercado, diz Sartori, o
Brasil “é exportador, enquanto os times de países da Europa Ocidental,
principalmente, e também os da Europa Oriental, do Leste Asiático e até alguns
do Oriente Médio são importadores”.
Portanto, a geopolítica do mercado
de jogadores seria mais fiel àquela vigente na economia em geral. A grande diferença
é que não se trata de commodities. São talentos de que somos privados.
Ou seja, as contradições entre
as duas geopolíticas não impedem que ambas sirvam à acumulação e concentração de
capital.
Leia
também: A
geopolítica invertida do futebol
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