Assustador o panorama
oferecido pelo Mapa da Violência 2014. Após 16 anos de levantamentos, todos os índices
pioraram: suicídios, homicídios, acidentes de trânsito, uso de arma de fogo. É
o que diz o sociólogo Julio Jacobo Waselfisz, em entrevista ao portal IHU-On Line.
As maiores vítimas continuam
a ser os jovens pobres e pretos. Mas a situação geral é “epidêmica e em
expansão”, diz o sociólogo. São 100 homicídios por 100 mil habitantes. Dez vezes
acima dos níveis considerados normais.
Outro dado espantoso diz
respeito aos suicídios. Segundo o Waselfisz, as mortes voluntárias tendem a
aumentar em países com melhores índices sociais, enquanto os homicídios caem. No
Brasil, ambos crescem. O índice de suicídios é igual ao de países como Japão,
França e países escandinavos: 30 por 100 mil habitantes.
O estudioso fala em “racismo
institucional”. Segundo ele, as instituições que deveriam priorizar o
atendimento e a proteção dos “setores vulneráveis” fazem o contrário. Ignoram leis
como Maria da Penha, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o da Igualdade
Racial. Responsabilizam as vítimas, culpando “o negro da favela, o negro do
crack ou a mulher que provocou o homem”.
Ao mesmo tempo, surgem “milícias
dentro dos aparelhos de segurança”. Grupos de vingadores cujas ações têm alvo
definido. Quase sempre os negros moradores de bairros pobres.
Todo este aparato judiciário e
policial vem agindo impunemente há séculos. Mas acaba de receber enorme reforço
com a organização da Copa do Mundo. Ampliou, inclusive, sua atuação na repressão
política. Nossos pêsames aos governos petistas por sua contribuição à
cartografia genocida e antidemocrática brasileira.
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