Circula nas redes virtuais e
está nos jornais. Os jogadores da seleção alemã teriam estragado a imagem de
simpatia que conquistaram em terras brasileiras. Na comemoração do título
mundial em Berlim executaram danças supostamente ofensivas a brasileiros e
argentinos.
Mas há quem diga que as tais
coreografias fazem parte da tradição local. Seriam praticadas entre
os próprios times alemães como manifestação de mera rivalidade esportiva. É
possível, mas os efeitos negativos da exibição podem ter sido amplificados pela
desconfiança em relação às atitudes amáveis dos alemães durante a Copa.
Aumentam os sinais de que grande parte delas seja produto de uma estratégia
friamente montada para conquistar a torcida brasileira.
Tudo isso contrasta com um marcante
momento do futebol mundial. Trata-se do jogo final da Copa de 50, no Brasil, famoso pela
derrota sofrida por nossa seleção diante do Uruguai. Um dos
responsáveis pela tragédia brasileira foi o capitão do time uruguaio, Obdulio Varela.
Eduardo Galeano, em seu livro
“Futebol ao sol e à sombra”, tem um capítulo sobre Varela. Segundo o autor, o
jogador uruguaio se recusou a dar declarações arrogantes sobre a conquista de
seu time. A vitória teria sido apenas uma “casualidade”, declarou o capitão aos
jornalistas.
Logo depois do jogo, Obdulio
saiu a caminhar pela cidade carioca. Encontrou um comovente clima de luto.
Circulou pelos bares quase insuspeito. Bebeu em mesas e balcões junto a
chorosos brasileiros. Sentiu-se constrangido e envergonhado.
Eram tempos em que o futebol
não fazia parte de um circuito bilionário de circulação de mercadorias. Hoje, a
vergonha mal atinge os derrotados. As suspeitas cercam as vitórias quase
sempre.
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que a seleção alemã visitou Auschwitz
Vi os videos dos alemães andando com a mão nos ombros e o outro da dança indígena. O segundo entendi como uma homenagem (não conseguiria imaginar tanta hipocrisia) e o primeiro dúbio. Tomei conhecimento agora deste sobre os argentinos. Este não resta dúvida, é boçal. A torcida argentina também debochou dos 7 X 1 da derrota do Brasil. Para mim a diversão do futebol nunca passou pelo deboche e escárnio, embora muitos pensem assim.
ResponderExcluirLinda esta estória do Obdulio (não sabia que tinha lido este livro do Galeano, mas como bom leitor que é, não poderia deixar de ter feito). Bom resgate que você fez. Ainda bem que o futebol possa contar estórias tão bonitas tendo outras tão medíocres.
Valeu, Marião. Na verdade, li o livro por sua culpa. Foi depois que você o citou num comentário. Achei na net. É curtinho e bom de ler, como tudo do Galeano.
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