O Mapa da Violência 2014 mais
uma vez confirma: os jovens pretos continuam a ser as maiores vítimas de mortes
violentas no País. Em reportagem publicada pela Agência Brasil, em 03/07, Helena
Martins destacou o depoimento de Julio Jacob Waiselfisz.
Waiselfisz coordena a Área de
Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências. Segundo ele, entre
2002 e 2012, o número de homicídios de jovens brancos caiu 32,3% e o dos jovens
negros aumentou 32,4%.
É costume dizer que os
números da violência no Brasil são semelhantes aos de países em guerra civil.
Mas boa parte das baixas desse conflito interno é causada pela violência
estatal. Principalmente, por ações policiais ilegais e movidas pelo ódio aos
pobres e pretos.
O Partido dos Panteras Negras
surgiu nos anos 1960, nos Estados Unidos, como reação a algo parecido. Seus
membros consideravam a polícia como uma força invasora dentro das comunidades
negras. Por isso, defendiam que se reagisse a elas do mesmo modo que os
camponeses vietnamitas combatiam as tropas imperialistas americanas. De armas
na mão.
Há grandes diferenças entre a
situação brasileira e a americana. Nosso racismo consegue ser tão sutil, quanto
letal. A começar pela elevada presença de negros em nossas polícias. Algo que não
ocorria nos lugares em que surgiram os Panteras. A cultura do porte civil de
armas também inexiste aqui.
Mas é cada vez mais
escancarado o racismo mortal das forças policiais brasileiras. E as UPPs se
parecem cada vez mais com forças de ocupação violenta nos bairros pobres. Se a situação
continuar assim, pode-se esperar pelo pior. Ou seria pelo melhor?
Nenhum comentário:
Postar um comentário