Doses maiores

8 de julho de 2014

A PM, as UPPs e os Panteras Negras

O Mapa da Violência 2014 mais uma vez confirma: os jovens pretos continuam a ser as maiores vítimas de mortes violentas no País. Em reportagem publicada pela Agência Brasil, em 03/07, Helena Martins destacou o depoimento de Julio Jacob Waiselfisz.

Waiselfisz coordena a Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências. Segundo ele, entre 2002 e 2012, o número de homicídios de jovens brancos caiu 32,3% e o dos jovens negros aumentou 32,4%.

É costume dizer que os números da violência no Brasil são semelhantes aos de países em guerra civil. Mas boa parte das baixas desse conflito interno é causada pela violência estatal. Principalmente, por ações policiais ilegais e movidas pelo ódio aos pobres e pretos.

O Partido dos Panteras Negras surgiu nos anos 1960, nos Estados Unidos, como reação a algo parecido. Seus membros consideravam a polícia como uma força invasora dentro das comunidades negras. Por isso, defendiam que se reagisse a elas do mesmo modo que os camponeses vietnamitas combatiam as tropas imperialistas americanas. De armas na mão.

Há grandes diferenças entre a situação brasileira e a americana. Nosso racismo consegue ser tão sutil, quanto letal. A começar pela elevada presença de negros em nossas polícias. Algo que não ocorria nos lugares em que surgiram os Panteras. A cultura do porte civil de armas também inexiste aqui.

Mas é cada vez mais escancarado o racismo mortal das forças policiais brasileiras. E as UPPs se parecem cada vez mais com forças de ocupação violenta nos bairros pobres. Se a situação continuar assim, pode-se esperar pelo pior. Ou seria pelo melhor?

Leia também: Os Panteras Negras contra a homofobia

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