Dario de Negreiros é
jornalista e membro do “Margens Clínicas”, grupo de psicanalistas que presta
atendimento psicológico a vítimas de violência de Estado. Ele publicou o artigo
“Memória, verdade, justiça e reparação para os crimes do Brasil pós-ditatorial”
no site Ponte, em 26/06.
Além de outras informações
importantes, o texto esclarece o significado da expressão “P2”:
Ouvimos dizer, comumente, que
o governador do Estado é o comandante-em-chefe da PM. Isso é verdade, mas não é
toda a verdade. As chamadas segundas-seções – na sigla, a PM2, conhecida
popularmente como P2 –, constituem o serviço de inteligência da PM, responsável
não só pela coleta de informações, mas também pelas decisões sobre estruturas
organizacionais, efetivos, ensino e instrução, dentre outras atribuições. Estas
segundas-seções, pasmem, não respondem ao governador do Estado: elas fazem
parte do sistema de informações do Exército e respondem diretamente ao comando
do Exército.
O fato, diz Negreiros, é que
nossas “PMs respondem a dois senhores: ao Governador do Estado e, ao mesmo
tempo, ao Comandante do Exército”. Qual deles seria o mais poderoso?
Basta observar alguns
números: de 2003 a 2012, a PM do Rio matou mais de mil pessoas por ano. A PM de
São Paulo ultrapassou duas mil mortes de 2005 a 2009. Nestes mesmos cinco anos,
todas as polícias dos Estados Unidos juntas mataram 1.915 pessoas. Pouco menos
do que mata a polícia fluminense em apenas dois anos.
Os P2 mandam. Os P2 matam. Os
governantes estaduais e o governo federal aceitam, quando não reforçam, toda
essa brutalidade. Talvez, porque suas vítimas sejam quase exclusivamente os pobres
e pretos. Por enquanto...
Leia também: Aos que pisam nossas flores
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