Doses maiores

16 de julho de 2018

Explicando a charlatanice capitalista para crianças

O livro “Comunismo para crianças”, de Bini Adamczak, tem um público-alvo muito definido. Mas sua didática também pode ajudar os mais velhos. Vejamos um exemplo:

O tabuleiro “ouija” consiste numa mesa com um copo emborcado no meio. As letras do alfabeto estão escritas no tampo. Várias pessoas sentam em volta da mesa e colocam o dedo no copo, que começa a se mover, lentamente, de uma letra para a outra, formando palavras ou frases. As pessoas não percebem que são elas que movem o copo, porque tremor individual de suas mãos não poderia provocar o movimento sozinho. Em vez disso, pensam que se trata de um espírito enviando alguma mensagem por meio delas. Esse “jogo” ilustra muito bem como a vida funciona sob o capitalismo. (...) O copo se move apenas porque os participantes agem juntos em vez de separadamente. Mas eles nem percebem que estão cooperando (...). Se esse coletivo se reunisse conscientemente para pensar sobre o que realmente pretendiam escrever, o resultado provavelmente seria muito diferente. Pelo menos, não haveria incerteza sobre quem escreveu a mensagem. Mas do jeito que foi feito, o texto parece ter sido escrito por uma mão invisível. E como ninguém pode explicar como isso aconteceu, predomina a crença em um poder sobrenatural, como um espírito ou espectro.

Na verdade, para Marx, a história humana sempre foi assim. “Os homens fazem a história, mas não sabem que a fazem”, disse ele. A grande diferença é que sob o capitalismo, já teríamos condições concretas para desmascarar muito desse charlatanismo místico. Incluindo a atual crença cega nas leis do mercado.

Leia também: Quem pode desarmar a bomba-relógio do capital?

2 comentários:

  1. Infelizmente o charlatanismo mítico já sob o capitalismo trouxe novas ideologias, atualizadas a cada dia por novos conceitos como "empreendedorismo", "meritocracia" e excrecências afins.

    Abraço
    Bruno

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