Doses maiores

19 de abril de 2013

Ficha suja para empresas? Nem pensar

Em 17 de abril de 1996, acontecia o massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. Nessa data, foram mortos 21 trabalhadores sem-terra que participavam de uma manifestação pela Reforma Agrária. As mortes foram obra da polícia em operação financiada pela mineradora Vale do Rio Doce, que teve a circulação de seus caminhões dificultada pela manifestação.

A culpa da Vale está documentada na papelada do processo judicial sobre as mortes, segundo a reportagem “Financiadora do massacre de Carajás, Vale é repudiada no Rio”. A matéria de Vivian Virissimo foi publicada pelo jornal Brasil de Fato, em 17/04.

Dezessete anos depois, a Vale não continua apenas impune. Também é uma das clientes preferenciais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). E ampliou seu raio de ação. Faz vítimas em outros lugares do mundo. É o que diz a reportagem “Polícia dispersa protesto contra a Vale em Moçambique “, publicada pela BBC Brasil, em 17/04.

A matéria afirma que policiais dispersaram um protesto de moradores que foram desalojados devido à instalação de uma mina de carvão da Vale no país africano. “Os manifestantes bloqueavam desde a tarde de terça-feira a ferrovia pela qual a empresa escoa sua produção”,diz o texto.

A Vale atropela populações pobres e trabalhadores com apoio e financiamento de um banco estatal. Não seria o caso de bloquear dinheiro público para uma empresa com uma ficha corrida dessas? Claro que não. Parlamentares e governantes, com ficha suja ou não, não permitiriam. A grande maioria deles está em seus postos graças ao financiamento dessas corporações poderosas.

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