A reportagem cita o bispo de Ipameri (GO): "Os
bispos sugeriram, numa enxurrada de emendas, que se reconheça o avanço
alcançado na questão agrária nos últimos 33 anos, desde 1980, quando a CNBB
publicou seu último documento oficial sobre o tema".
A CNBB nunca foi um exemplo de radicalismo,
mas costumava ter posições avançadas na questão da terra. Ainda segundo
Mayrink, “o conceito de latifúndio também deverá ser revisto, para evitar uma
condenação generalizada, como se toda propriedade de terra fosse sinônimo de
injustiça”. Perfeito para livrar a cara dos latifundiários do agronegócio.
Mas os bispos não estão sozinhos. A Justiça
Federal acaba de conceder liminar de reintegração de posse para o fazendeiro Orlandino
Carneiro Gonçalves. Ele é assassino confesso de Denilson Barbosa, indígena
Guarani-Kaiowá, de 15 anos.
E o PT também faz das suas. O deputado federal
Padre Ton (PT-RO) denunciou o líder de seu partido, José Guimarães (PT-CE), por
ter assinado proposta para criação de comissão que vai examinar a PEC 215.
Articulada pela bancada ruralista, a
proposta transfere do Poder Executivo para o Congresso Nacional a demarcação e
homologação de terras indígenas e quilombolas, além de rever os territórios já
concedidos. Guimarães retirou a assinatura, mas ficou a suspeita.
Como se vê, se depender dessa turma toda, a
Reforma Agrária será sepultada junto com indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais.
E nem aos bispos adianta reclamar.
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